São Paulo entra definitivamente na rota dos grandes projetos da arquitetura internacional. O escritório Herzog & De Meuron concluiu o estudo preliminar do Complexo Cultural – Teatro da Dança. A proposta do espaço é ser um dos mais importantes centros destinados às artes do espetáculo do país, projetado especialmente para apresentações de dança, música e ópera.
O novo espaço foi considerado essencial pela Secretaria de Estado da Cultura para a consolidação do maior polo cultural da América Latina, que reúne, em área praticamente contínua, no bairro da Luz (região central de São Paulo), a Sala São Paulo, a Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim, a Pinacoteca do Estado, a Estação Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu de Arte Sacra, a Estação Júlio Prestes e o Parque da Luz.
“Nosso objetivo é criar um espaço cultural bem localizado e de fácil acesso à população, próximo às linhas de metrô e trem,”, explica o Secretário de Estado da Cultura, João Sayad. “São Paulo merece um grande marco arquitetônico e esse complexo desempenhará tal papel”, afirma.
O edifício abrigará diferentes equipamentos culturais, devido à carência de espaços específicos, em São Paulo, para a encenação de musicais, óperas, shows de música popular e outras manifestações artísticas.
A Secretaria de Estado da Cultura contratou a empresa inglesa TPC – Theatre Projects Consultants, especializada em planejamento de teatros e centros culturais, que contribui para definir o perfil do Complexo e para detalhar o programa de cada parte do conjunto. “O projeto nasceu de dentro para fora. Todas as especificações do teatro principal, por exemplo, foram muito bem planejadas para que o espaço possa ser bem aproveitado e o público ter uma excelente visão do palco”, diz Sayad.
Os técnicos estudaram e analisaram São Paulo para dimensionar um teatro de características únicas na cidade. Ele possuirá oficinas para confecção de cenários e figurinos, terá capacidade de gravação em vídeo e áudio em suas principais áreas, terá palco capaz de receber grandes e sofisticadas montagens, entre muitas outras especificações. O estudo da empresa é tão detalhado que inclui até mesmo o sistema de telefonia. “Os técnicos da TPC trabalham em conjunto com os arquitetos, formando uma só equipe, para que o programa seja cumprido”, explica o Secretário.
Pela relevância e pela complexidade do programa proposto pela empresa inglesa, a Secretaria de Estado da Cultura avaliou que seria necessária a contratação de um escritório de arquitetura diferenciado. Após uma pesquisa de mercado, optou-se pelo escritório suíço Herzog & de Meuron.
Critérios pré-estabelecidos pela Secretaria como expertise, equipe técnica altamente qualificada, prazo, custo, qualidade, inter-relacionamento e notória especialização foram fundamentais para a contratação dos suíços em dezembro de 2008. A inexigibilidade de licitação para contratação deste projeto se amolda às hipóteses previstas na Lei nº 8.666/1993, estando presentes três pressupostos que afastam sua exigência, quais sejam: (i) serviço técnico especializado, dentre os descritos no art. 13 da referida lei; (ii) natureza singular do objeto do contrato e (iii) contratação de profissional notoriamente especializado.
Coube aos arquitetos a concepção de um projeto, com aproximadamente 95 mil m² de área construída, em um terreno de 19 mil m². O Complexo abrigará três teatros: um para dança e ópera com 1.750 lugares; outro para 600 ocupantes, destinado a teatro e recitais; uma sala experimental, com palco reversível, e capacidade para 450 espectadores. Ao mesmo tempo, haverá espaço para a instalação de uma sede definitiva da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim, uma escola de dança, salas de ensaios para companhias residentes, biblioteca, estúdios, auditório e áreas administrativas. O projeto terá área para café, loja, praça de convivência e estacionamento para 1.000 veículos.
Estudo preliminar do projeto
O novo Complexo Cultural de São Paulo pretende reunir música e dança, estudantes e profissionais, produção e ensaio, em um mesmo lugar. Um espaço onde diferentes gerações poderão se relacionar por meio do trabalho, estudo, ensaios e performances. Essa é a proposta conceitual do escritório Herzog & De Meuron: misturar e combinar o máximo de atividades possível.
Outra característica do projeto é a fusão do edifício com as áreas verdes que serão criadas no entorno. A Praça Júlio Prestes deve ser reformada para ganhar um jardim, que funcionará como uma extensão do Parque da Luz, formando um grande corredor verde na região central, que começa nos jardins do Museu de Arte Sacra, segue pelo parque da Luz, pelo novo Complexo até chegar à Praça Princesa Isabel e ao Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco.
O edifício proposto não possui fachada, tem sua estrutura horizontal, seguindo as linhas construtivas da Sala São Paulo, com altura média de 23 metros, divididos em quatro andares; ocupará todo o quarteirão localizado entre a Praça Júlio Prestes e a Avenida Rio Branco, com as laterais para a Avenida Duque de Caxias e rua Helvétia.
Ao contrário da Sala São Paulo, o novo complexo será um centro cultural aberto e vivo. Para isso, os arquitetos optaram pelo uso de lâminas horizontais entrelaçadas, que promovem uma ligação dinâmica entre os espaços abertos, com várias entradas de ar e luz. Com o intuito de ampliar a diversidade entre os espaços, as lâminas horizontais se cruzam em pisos intermediários que favorecem a proximidade e a visibilidade entre as diferentes partes do prédio. Para sustentar a rede de pisos e de lâminas, serão utilizadas colunas de 35 a 45 cm de diâmetro. Uma das lâminas projeta-se sobre a Praça Júlio Prestes resultando em uma grande rampa, que será a entrada principal do prédio.
As obras serão iniciadas em 2010, logo após a conclusão da demolição dos edifícios que integram o quarteirão, desapropriado, em 2007, pelo Governo do Estado de São Paulo. O valor das desapropriações foi arbitrado pelo Centro de Engenharia da Procuradoria Geral de Justiça em R$ 34 milhões. Atualmente, a Secretaria de Estado da Cultura já possui 85% da quadra em sua posse, que inclui o prédio da antiga rodoviária da cidade, onde funcionava o Shopping Center Luz.
fonte: www.approach.com.br
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