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A revista norte-americana Editor & Publisher, em circulação há 124 anos, deixará de existir, tanto na versão impressa como na online, a partir de janeiro de 2010 em conseqüência de queda de receitas publicitárias, um fenômeno que já causou a morte de mais de 200 publicações nos Estados Unidos, desde 2007. E&P foi a bíblia jornalística de várias gerações de profissionais no mundo inteiro porque foi a primeira publicação dedicada exclusivamente à produção de jornais e revistas impressas, tanto pelo lado das redações como do lado corporativo e industrial. Sua saída do mercado mostra que a crise do modelo de negócios baseado em receitas de anúncios publicitários não funciona mais nem nas publicações especializadas voltadas a um leitor específico. A empresa Nielsen, que controlava a Editor & Publisher decidiu desfazer-se de todas as suas revistas, em sua maioria voltadas para públicos segmentados nas áreas de jornalismo, publicidade, relações públicas e produção fotográfica. Todas encontraram comprador menos a E&P, mostrando que o jornalismo definitivamente deixou de ser atrativo para os investidores financeiros. Em Wall Street, empresas jornalísticas são agora consideradas “micos” entre as corretoras da bolsa pois muitos bancos acabaram assumindo títulos podres de jornais, revistas, emissoras de rádio e até de TV, que foram obrigados a jogar a toalha no ringue financeiro por causa da migração massiva da publicidade e do público em direção à Web. O desaparecimento de uma revista com uma história tão longa e uma enorme experiência acumulada torna meridianamente claro que as empresas jornalísticas já não podem esperar nenhum tipo de apoio de grupos financeiros. O capital de credibilidade e o título já não valem mais nada e o único que pode ser vendido são os bens imobiliários. Mais do que nunca, o futuro da imprensa depende agora do leitor que passou a ser o principal interessado na manutenção dos jornais, revistas, sites na Web, emissoras de rádio e até de TV que o mantém informado e capacitado a sobreviver ao caos noticioso gerado pela internet. Pode parecer um exagero ou até um delírio meu, mas o fato é que os principais pensadores da era digital, como o holandês Mark Deuze[1] já não têm mais dúvidas em afirmar que estamos passando de uma era baseada na produção para outra ancorada no consumo. O novo conceito de cidadania não se expressa mais nos direitos dos indivíduos dentro do sistema de produção de bens e serviços, mas na nova realidade do cidadão monitor, que é obrigado a escolher para poder sobreviver no mar de ofertas criado pela automação, digitalização e globalização econômica. Antes a escolha era algo individual porque a oferta de bens era escassa. Hoje, as decisões têm que ser tomadas com base em coletivos porque o individuo não pode mais saber de tudo. Vejamos um exemplo simples: antes escolher um telefone era meramente uma questão de preço e gosto. Hoje, só de aparelhos celulares há mais de 400 modelos no mercado. O consumidor só pode tomar uma decisão baseando-se nas opiniões e conselhos de outros consumidores, porque sozinho ele é incapaz de obter todas as informações necessárias, salvo se dedicar tempo integral à atividade, o que é inviável. Este mesmo processo está acontecendo no âmbito da imprensa. Temos hoje uma super-oferta de informação e não dá mais para esperar que apenas um jornal ou revista nos dêem tudo o que precisamos. E o público também já está se dando conta de que depende cada vez mais da diversidade informativa para encontrar o que precisa ou deseja. fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br [1] Detalhes no capítulo Future of Citizen Journalism, do livro Citizen Journalism, Global Perspectives – Peter Lang Editors, New York, 2009 |
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Crise na Imprensa
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