sexta-feira, 6 de agosto de 2010

LIXO QUE CRUZA FRONTEIRAS

Estudo realizado em parceria com British Antarctic Survey mostra que o lixo marinho já atinge áreas remotas da Antártida.

Voluntária realiza limpeza de praia em Salvador. ©Greenpeace/Lunaé Parracho

Voluntária realiza limpeza de praia em Salvador. ©Greenpeace/Lunaé Parracho

As notícias não são nada boas quando falamos da saúde ambiental do Oceano Antártico. De acordo com uma pesquisa desenvolvida entre 2007 e 2008 pelo Greenpeace e pela British Antarctic Survey, a região, apesar de não habitada pelo homem e de extrema importância para a vida marinha, já convive com lixo marinho.

Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace, participou da expedição do MV Esperanza entre 2007 e 2008. Seu trabalho foi, dentre outras funções, coordenar a pesquisa sobre lixo marinho. Por meio da observação de objetos, foram coletados dados que informaram tipos de lixo e, em alguns casos, a sua origem.

De 69 itens avistados pelo navio Esperanza, 43% eram materiais plásticos e dos 59 itens observados pelo navio RRS James Clark Ross (também envolvido na pesquisa) 41% também eram plásticos. “Encontramos restos de materiais de pesca, muitas caixas e micropartículas plásticas”, conta Leandra. Diferentemente do que ocorre em outras regiões, as sacolas plásticas não foram vistas em grande quantidade. Os dados da pesquisa serão publicados na edição de agosto na revista “Marine Environmental Research“.

Muita gente já ouviu falar sobre as “ilhas de plástico” em nossos oceanos. No norte do Oceano Pacífico, há uma área do tamanho do Texas onde se estima que, para cada quilo de plâncton, existam seis quilos de lixo plástico. A presença desse tipo de dejeto nos oceanos causa problemas ainda maiores do que os já conhecidos impactos na fauna local.

Materiais plásticos têm grande capacidade de absorção de poluentes orgânicos persistentes (POPs), funcionando como verdadeiras “esponjas químicas”. Com isso, esse tipo de contaminação acaba atingindo áreas não-habitadas e que estariam teoricamente a salvo da poluição gerada pelo homem. As superfícies plásticas podem servir também como habitat para algumas espécies, transportando-as de um lugar a outro e ocasionando desequilíbrio em cadeias e dando origem muitas vezes a espécies invasoras.

O Greenpeace vem acompanhando de perto o avanço da poluição marinha. Em 2006, a expedição “Defendendo nossos oceanos” também apresentou resultados sobre os caminhos percorridos pelo lixo no mundo e sobre o estado dos oceanos.

Greenpeace Brasil

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