quarta-feira, 18 de novembro de 2009

II Fórum de Mídia Livre - Vitória/ES

Inscrições Abertas para o II Fórum de Mídia Livre, a ser realizado nos dias 04 a 06 de dezembro, em Vitória, ES. Dúvidas ou informações - forumdemidialivre@gmail.com

Desde o frutífero Fórum Social Mundial, em Belém, onde realizamos o I Fórum
Mundial de Mídia Livre, presenciamos o inédito edital do Ministério da
Cultura que premiou, mais tarde, 82 experiências midialivristas no país, e,
ainda, vimos o presidente Lula anunciar a realização da I Conferência
Nacional de Comunicação, que começamos a trabalhar, em rede, na produção do
II Fórum de Mídia Livre (FML), na capital capixaba.

Este ano, o Fórum de Mídia Livre será realizado, nos dias 04 a 06 de
dezembro, logo após as conferências estaduais de comunicação. E terá a
participação de ativistas, artistas, intelectuais, profissionais de
comunicação, gestores públicos, empreendedores, estudantes, que debaterão
uma agenda comum para os realizadores de mídia independente no país. O FML
contará com desconferências temáticas, mesas de debate (propostas pelos
convidados através da internet), oficinas de produção de mídia (propostas
pelos próprios convidados através da internet), transmissão ao vivo de
palestras e oficinas pela internet, encontro nacional dos pontos de mídia
(ligados ao Ministério da Cultura), encontro nacional de blogs políticos,
colóquios. Teremos, assim, a missão de fortalecer as bandeiras comuns aos
movimentos sociais que estarão presentes na Conferência Nacional, dez dias
após o FML.

Assim, o II Fórum tem como finalidade constituir as bandeiras próprias
midialivristas que serão levadas à Confecom, bem como reforçar o coro das
nossas velhas bandeiras (como a democratização e controle social das
concessões públicas de Rádio e TV) e construir outras novas (como a
universalização da banda larga e a democratização das verbas públicas de
publicidade). Sabemos que o debate sobre os rumos da Confecom e as teses que
a orientarão dominarão nossas conversações durante o FML, o que faz deste um
momento fraterno de encontro de ideias, propostas e posições políticas que
façam avançar e renovar nossos compromissos com a produção de novos direitos
sociais no terreno da comunicação, que tenha sempre como norte a radical
defesa da liberdade da expressão das diferentes matizes sociais do Brasil.
viver dignamente de comunicação.

Mas, em Vitória, temos ainda um desafio no campo econômico, que é antes,
político. Nos últimos anos, aceleram-se experiências (individuais ou
coletivas) de mídias autônomas. "Nunca na história desse país" surgiram
tantos veículos de comunicação, criados e mantidos por profissionais de
comunicação (com graduação ou não) que fazem ecoar pontos de vista
alternativos sobre o dia a dia das cidades, geram inovações estéticas e nas
diferentes linguagens midiáticas, constituem parcerias de crescimento mútuo
com outras iniciativas (sejam para ampliar novos públicos, como para exigir
novos direitos) e experimentam soluções de sustentabilidade econômica.
Contudo, aqueles que estão mergulhados em boa parte dessas experiências
ainda estão bem longe de terem seu labor tipificado, conforme apregoa a
Organização Internacional de Trabalho, como "trabalho digno". Muitas vezes
obtêm infraestrutura de trabalho, através de editais públicos, mas não alçam
a possibilidade de "viver de mídia". Como qualquer trabalhador da cultura, o
da comunicação ainda se vê na dependência das indústrias da intermediação
(da publicidade às indústrias culturais) e/ou do fisiologismo típico
brasileiro (aquela ajuda do "amigo do governo ou da empresa"). Os
midialivristas acabam por ficar nesse vácuo de políticas, sobretudo, da
econômica (isto é, no vazio daquelas medidas que façam distribuir renda,
desconcentrando-a do poder das indústrias de intermediação). Esse é um
grande desafio das políticas de comunicação do começo do século XXI, fazer
com que os midialivristas - ou o precariado cognitivo, como salienta a
professora Ivana Bentes - possam viver dignamente de seu trabalho, o que
significa entrar num tema ainda desconhecido, entre nós, que é o de como
construir um mercado solidário e dinâmico no campo da comunicação social.
O II Fórum traz essa questão para estimular nossos debates: como viver só de
blogs, só de rádios comunitárias, de tv pública, tv comunitária, só de
cinema, música e audiovisual independente ou só de revistas impressas para
público de nicho, tendo como horizonte a criação de um mercado solidário?
Não é à toa que o II Fórum de Mídia Livre abrigará diferentes movimentos que
carregam, já há algum tempo, mecanismos diferentes de produção, distribuição
e consumo de comunicação. Em parte isso advém dos usos inovadores e críticos
da internet e das tecnologias digitais, sobretudo, do uso colaborativo
dessas ferramentas contemporâneas que, paulatinamente, trazem-nos desafios
pela construção de um "novo pacto" no campo da comunicação. Não se trata
somente de criar um novo marco legal (muito necessário, dado a caduquice dos
processos e das tecnologias sobre a qual a lei atual versa), mas uma nova
concepção de como viver de mídia, algo que atravessa nossa vitalidade, nossa
potência de vida, afinal, bem no final, somos todos humanos, seres
vitalistas.

O II Fórum de Mídia Livre ocorrerá na cidade de Vitória/ES, uma das
primeiras a experimentar um governo com participação popular, já em 1989.
São 20 anos de participação da sociedade civil nos rumos da cidade. Uma
cidade cheia de contradições, como todas do país.

Fizemos por aqui, no Espírito Santo, um esforço para receber a todos. Mas o
mais importante foi nossa Caravana Midialivristas, passando pelo Sul do
Estado, pela Região Metropolitana e pela juventude, através de nossas
conferências livres, recheadas com trocas de conhecimentos (com nossas
oficinas midialivristas). Participamos ainda das articulações pró
conferência estadual de comunicação. Estamos muito animados para receber a
todos na Universidade Federal do Espírito Santo.

Um agradecimento bem especial aos companheiros do Grupo de Trabalho
Executivo do Fórum de Mídia Livre, aos amigos queridos do Coletivo Multi
(Vitória) e do Coletivo Rede Universidade Nômade, aos colegas do Centro de
Artes da Ufes, por estar na luta pela construção desse II Fórum. Acredito
que já podemos pensar no terceiro.
Agora é a hora!

Muito Obrigado,

Fábio Malini (UFES)
Coordenação do II Fórum de Mídia LIvre
http://www.forumdemidialivre.org/?p=322

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